quinta-feira, 19 de março de 2009

Crepusculo (Stephenie Meyer) 13ª part

13. Confissões
Edward na luz do sol era chocante. Eu não conseguia me acostumar com isso, mesmo tendo passado a tarde inteira olhando pra ele. A pele dele, a despeito de uma leve ruborescência pela caçada de ontem, estava literalmente brilhando, como se milhões de pequenos diamantes estivessem cravados em sua superfície. Ele ficou completemente rígido na grama, sua camisa aberta deixava seu peito esculpido, incandescente aparecer, seus braços incandescentes estavam nús. Suas pálpebras brilhantes e pálidas da cor de lavanda estavam fechadas, apesar dele não estar dormindo. A estátua perfeita, talhada em alguma pedra desconhecida, suave como o mármore, e brilhante como o cristal.De vez em quando, seus lábios se moviam tão rápido que pareciam que estavam tremendo. Mas quando eu perguntei, ele disse que estava cantando pra si mesmo; era baixo demais pra que eu ouvisse.Eu aproveitei o sol, também, apesar do ar não estar seco o suficiente para o meu gosto. Eu teria gostado de me deitar, como ele, e deixar o sol esquentar meu rosto. Mas eu fiquei enrolada, com o queixo nos meus joelhos, sem querer tirar os olhos dele. O vento estava calmo; ele assoprou meu rosto e balançou a grama embaixo da sua forma imóvel.A clareira, tão espetacular pra mim antes, agora era feia em comparação com ele.Hesitantemente, sempre com medo, mesmo agora, que ele desaparecesse como uma miragem, bonito demais pra ser real... Hesitantemente, eu levantei um dedo e alisei as costas da sua mão brilhante, até onde deu pra alcançar. De novo, eu fiquei maravilhada com a textura perfeita, macia como seda, fria como pedra. Quando eu olhei pra cima, seus olhos estavam abertos, me observando. Seus olhos estava da cor de whisky hoje, mais claros, mais amenos depois da caçada de ontem. Seu rápido sorriso curvou os cantos dos seus lábios perfeitos."Eu não te assusto?", ele perguntou de brincadeira, mas eu ouvia a curiosidade por trás da sua voz suave."Não mais que o normal".Seu sorriso cresceu; seus dentes brilharam ao sol.
Eu cheguei mais perto, abrindo minha mão pra tocar os contornos do seu braço com as pontas dos meus dedos. Eu ví que meus dedos tremeram, e eu sabia que ele não deixaria de notar.
"Você se incomoda?", eu perguntei já que ele havia fechado os olhos de novo.
"Não", ele disse sem abrir os olhos. "Você não pode imaginar o que isso me faz sentir", ele suspirou.
Eu passei minha mão suavemente no seu braço, trilhando os contornos dos musculos perfeitos, segui a leve linha das veias em baixo do seu cotovelo. Com minha outra mão, eu virei a mão dele. Se dar conta do que eu queria, ele levantou sua mão em um daqueles movimentos rápidos e desconcertantes dele. Isso me assustou, meus dedos congelaram no braço dele por um breve segundo.
"Me desculpe", ele murmurou. Eu olhei pra cima pra ver seus olhos claros se fechando de novo. "É fácil demais ser eu mesmo quando eu estou com você".
Eu levantei a mão dele, virando ela pra cima e pra baixo enquanto eu observava o brilho do sol cintilar na sua palma. Eu segurei ela mais próxima do meu rosto, tentando ver os detalhes escondidos da pele dele.
"Me diga o que você está pensando", ele sussurou. Eu olhei pra cima pra ver seus olhos me observando, repentinamente atentos. "Ainda é estranho pra mim, não saber".
"Sabe, o resto de nós se sente assim o tempo inteiro".
"É uma vida injusta". Será que eu imaginei a pontada de arrependimento na voz dele? "Mas você ainda não me disse".
"Eu estava desejando saber o que você estava pensando..." eu hesitei.
"E...?”.
"Eu estava desejando poder acreditar que você é real. E eu estava desejando não ter medo".
"Eu não quero que você sinta medo", a voz dele era um leve murmúrio. Eu ouví o que ele queria ter dito na verdade, que eu não precisava ter medo, que não havia nada a temer.
"Bem, não é exatamente desse medo que eu estou falando, apesar de que isso realmente é algo em que eu devia estar pensando".
Tão rápido que eu perdí o movimento, ele estava meio sentado, apoiado no braço direito, sua palma esquerda ainda na minha mão.
Seu rosto angelical estava a apenas alguns centímetros do meu. Eu devo ter - posso ter - me afastado algns centímetros, assustada com a súbita aproximação, mas eu não consegui me mexer. Seus olhos dourados me hipnotizaram.
"Do que você está com medo, então?", ele sussurou atentamente.
Mas eu não consegui responder. Como eu já tinha feito antes, eu senti a sua respiração gelada no meu rosto. Doce, delicioso, o cheiro fez a minha boca encher de água. Não havia nada parecido. Instintivamente, sem pensar, eu me inclinei pra frente para inalar o cheiro.
E ele desapareceu, sua mão sumiu da minha. Quando os meus olhos finalmente ficaram focados, eu percebi que ele estava a uns três metros de distância, de pé na beira da clareira, na sombra de uma enorme árvore. Ele me encarou, seus olhos escuros nas sombras, sua expressão ilegível.
Eu podia sentir a dor e o choque no meu rosto. Minhas mãos vazias tremeram.
"Me. desculpe... Edward", eu sussurei. Eu sabia que ele podia ouvir.
"Me dê um momento", ele respondeu, alto o suficiente apenas para eu ouvir. Eu sentei muito rígida.
Depois de dez segundos incrivelmente longos, ele voltou, devagar demais pra ele. Ele parou ainda a vários passos de distância e se sentou graciosamente no chão, cruzando as pernas. Seus olhos não se desgrudavam dos meus. Ele respirou fundo duas vezes, e então sorriu se desculpando.
"Eu sinto muito", ele hesitou. "Você entenderia se eu dissesse que sou apenas humano?”.
Eu afirmei com a cabeça uma vez, sem conseguir rir da piada dele. A adrenalida pulsou nas minhas veias quando eu me dei conta do verdadeiro perigo. Ele conseguia sentir isso não importava onde ele se sentasse. Seu sorriso se tornou zombeteiro.
"Eu sou o melhor predador do mundo, não sou? Tudo em mim é convidativo pra você - minha voz, meu rosto e até meu cheiro. Como se eu precisasse disso!" Inesperadamente, ele estava de pé, andando pra longe, instantemente fora de vista, só pra depois aparecer atrás daquela mesma árvore de antes; ele circulou a clareira em meio segundo.
"Como se você pudesse fugir de mim". Ele sorriu amargamente.
Ele levantou uma mão e, com um crack alto, ele arrancou uma árvore de dois metros de altura com raiz e tudo, sem esforço. Ele segurou ela com uma mão por um momento, e então jogou ela pra longe com uma rapidez impressionante, fazendo com que ela se chocasse contra outra árvore enorme, ela caiu no chão com um barulho incrível fazendo o chão tremer.
E ele estava na minha frente de novo, á dois passos de distância, ainda como uma pedra.
"Como se você pudesse me vencer", ele disse gentilmente.
Eu me sentei imóvel, com mais medo dele do que eu jamais sentí. Eu nunca tinha visto ele fora daquela fachada cuidadosamente cultivada. Ele nunca esteve menos humano... Ou mais bonito. Com o rosto pálido, olhos arregalados, eu estava sentada como um pássaro preso pelos olhos da cobra.
Seus olhos adoráveis pareciam brilhar com a excitação. Então, quando os segundos passaram, eles foram escurecendo. Sua expressão lentamente foi se transformando numa máscara de tristeza.
"Não tenha medo", ele murmurou, sua voz sedosa era muito atraente mesmo sem essa intenção. "Eu prometo..." ele hesitou. "Eu juro que não vou te machucar". Ele parecia estar mais preocupado em se convencer disso do que a mim.
"Não tenha medo", ele sussurou de novo, enquanto dava um passo á frente, com uma lentidão exagerada. Ele se sentou sinuosamente, com movimentos deliberadamente lentos, até que os nossos rostos estavam na mesma altura, a apenas uns centímetros de distância.
"Por favor, me perdoe", ele disse formalmente. "Eu posso me controlar. Você me pegou de surpresa. Mas eu estou com o meu melhor comportamento agora".
Ele esperou, mas eu não conseguia falar.
"Eu não estou com sede hoje, honestamente", ele piscou pra mim.
Com essa eu tive que rir, apesar do som estar tremendo e sem fôlego.
"Você está bem?", ele perguntou delicadamente, levantando a mão lentamente, cuidadosamnete, pra colocá-la de volta na minha.
Eu olhei para a sua mão suave, fria, e então para seus olhos.
Eles estavam suaves, arrependidos. Eu olhei de volta para as suas mãos, e então deliberadamente recomecei a tatear a sua mão com as pontas dos meus dedos. Eu olhei pra cima e sorrí timidamente.
O sorriso dele era deslumbrante.
"Então onde é que nós estavamos, antes de eu me comportar tão rudemente?", ele perguntou com as tendências gentís do início do século.
"Eu honestamente não me lembro"
Ele sorriu, mas o seu rosto estava envergonhado. "Nós estávamos falando sobre porque você estava com medo, sem contar as razões óbvias".
"Ah certo".
"Então?”.
Eu olhei para as mãos dele e tateei á toa na sua palma macia. Os segundos passaram.
"Como eu fico frustrado facilmente", ele suspirou. Eu olhei para os olhos dele, me dando conta abruptamente que isso era tão novo pra ele quanto era pra ele. Assim como muito anos de experiências insondáveis que ele teve, isso era difícil pra ele também. Eu me encorajei com esse pensamento.
"Eu estava com medo... porque, bem, por razões óbvias, eu não posso ficar com você. E eu tenho medo de querer ficar com você, mais até do que eu devia". Eu olhei pra baixo para as mãos dele enquanto falava. Era difícil pra mim dizer isso em voz alta.
"Sim", ele concordou lentamente. "Isso é algo pra se temer, realmente. Querer ficar comigo. Esse realmente não é o seu melhor interesse".
Eu fiz uma careta.
"Eu já devia ter ido embora a muito tempo", ele suspirou. "Eu devia ir embora agora. Mas eu não sei se consigo".
"Eu não quero que você vá embora", eu murmurei pacientemente, olhando pra baixo de novo.
"E é exatamente por isso que eu devia ir. Mas não se preocupe. Eu sou uma pessoa essencialmente egoísta. Eu necessito demais da sua companhia para fazer o que eu devia".
"Eu fico alegre"
"Não fique!". Ele retirou a sua mão, mais gentilmente dessa vez; sua voz estava mais grossa que de costume, ainda mais bonita do que qualquer voz humana. Era difícil acompanhar - as mudanças subitas do seu humor sempre me deixavam pra trás, confusa.
"Não é apenas da sua companhia que eu necessito! Nunca se esqueça disso. Nunca se esqueça de que eu sou muito mais perigoso pra você do que pra qualquer outra pessoa". Ele parou e eu olhei pra ele pra ver que ele estava olhando a floresta sem ver nada.
Eu pensei por um momento.
"Eu acho que não entendo o que você quis dizer - sobre a última parte", eu disse.
Ele olhou pra mim e sorriu, seu humor mudando de novo.
"Como eu vou explicar?", ele zombou. "E sem assustar você... Hummm".
Sem parecer pensar em nada, ele colocou sua mão de volta na minha; eu apertei a mão dele com as minhas duas. Ele olhou para as nossas mãos.
"Isso é incrivelmente prazeroso. O calor", ele suspirou.
Um momento se passou enquanto ele assemelhava seus pensamentos.
"Você sabe como as pessoas gostam de diferentes sabores?", ele começou. "Como alguns gostam de sorvete de chocolate, outros preferem morango?”.
Eu afirmei com a cabeça.
"Me desculpe pela analogia á comida - eu não conseguia pensar em outra forma de explicar".
Eu sorri. Ele sorriu de volta sem graça.
"Entenda, cada pessoa cheira diferente, tem uma essencia diferente. Se você colocasse uma pessoa alcólotra numa sala cheia de cerveja, ela beberia feliz. Mas ela poderia resistir, se ela quisesse, se ela fosse uma alcólica em reabilitação. Agora digamos que você coloca nessa sala uma garrafa de brandy de cem anos, o conhaque mais raro, mais fino - que enche a sala com o seu aroma - como você acha que ela reagiria?”.
Nós sentamos em silêncio, olhando para os olhos um do outro - tentando ler os pensamentos um do outro.
Ele quebrou o silêncio primeiro.
"Talvez essa não seja a comparação certa. Talvez fosse fácil demais recusar o brandy. Talvez o nosso alcólico devesse ser um viciado em heroína".
"Então, o que você está dizendo é que eu sou a sua injeção de heroína?", eu brinquei, tentando melhorar o clima.
Ele sorriu brevemente, parecendo apreciar meu esforço. "Você é exatamente minha injeção de heroína".
"Isso acontece sempre?" Eu perguntei.
Ele olhou para o topo das árvores enquanto pensava na resposta.
"Eu falei com os meus irmãos sobre isso". Ele ainda olhava pra longe. "Pra Jasper, todos vocês são praticamente iguais. Ele foi o que se juntou á família mais recentemente. A abstinência já é difícil pra ele por si só. Ele ainda não teve tempo pra desenvolver o olfato, as diferenças do cheiro, no sabor". Ele olhou rapidamente pra mim, se desculpando.
"Desculpe", ele disse.
"Eu não me importo. Por favor, não tenha medo de me ofender, ou me assustar, ou o que quer que seja. É aasim que você pensa. Eu posso entender, ou pelo menos tentar. Me explique como puder”.
Ele respirou fundo e olhou para o céu de novo.
"Então Jasper não tinha certeza se já tinha cruzado com alguém tão” -
Ele hesitou procurando pela palavra certa - "atraente como você é pra mim". O que me faz acreditar que não. Emmett já está nessa há mais tempo, por assim dizer, e ele entendeu o que eu quis dizer. Ele disse que já aconteceu com ele duas vezes, para ele, uma vez foi mais difícil que a outra".
"E com você?”.
"Nunca".
A palavra ficou pendurada durante um momento na brisa morna.
"O que Emmett fez?" Eu perguntei pra quebrar o silêncio.
Foi a coisa errada pra perguntar. Seu rosto obscureceu, a mão dele se apertou no punho dentro da minha. Ele desviou o olhar. Eu esperei, mas ele não ia responder.
"Eu acho que já sei", eu finalmente disse.
Ele levantou os olhos, sua expressão tristonha, implorativa.
"Até o mais forte de nós comete erros, não é?”.
"Você está pedindo o que? Minha permissão?", minha voz estava mais cortante do que eu pretendia. Eu tentei deixar o meu tom mais suave - eu podia imaginar o que a sua honestidade estaria custando pra ele. "Eu quero dizer, não existem esperanças, então?" Como eu podia discutir a minha morte tão calmamente!
"Não, não", ele estava instantaneamente arrependido. "É claro que há esperança! Digo, é claro que eu não vou..." Ele não terminou a frase.
Seus olhos queimavam nos meus. "É diferente conosco. Emmett... aqueles eram estranhos que cruzaram o nosso caminho. Foi há muito tempo e ele não tinha tanta... prática e cuidado que tem hoje".
Ele ficou em silêncio me observando atentamente enquanto eu pensava nisso.
"Então... se tivéssemos nos conhecido num beco escuro ou alguma coisa assim...", minha voz falhou.
"Eu fiz tudo o que pudia pra não pular em você no meio de uma sala cheia de crianças e"- ele parou abruptamente, desviando o olhar. "Quando você passou por mim, eu podia ter arruinado tudo o que Carlisle construiu pra nós, lá mesmo. Se eu não tivesse renegado a minha sede pelos últimos, bem, muitos anos, eu não teria sido capaz de me refrear". Ele parou, olhando para as árvores.
Ele olhou pra mim severamente, nós dois lembrando. "Você deve ter pensado que eu estava possuído".
"Eu não conseguia entender porque. Como você poderiame odiar tão rapidamente...”.
"Pra mim, era como se você fosse uma espécie de demônio, reunindo forças do meu próprio inferno pra me destrir. A fragrância que saia da sua pele... eu pensei que ia me deixar desarranjado naquele primeiro dia. Naquela uma hora, eu pensei em milhões de formas de te tirar da sala comigo, pra que ficássemos sozinhos. E eu lutei com esses pensamentos, pensando na minha família, o que eu podia causar pra eles. Eu tive que sair correndo, pra sair de perto de você antes de te dizes as palavras que faria você me seguir...”.
Então ele olhou pra cima para a minha expressão vacilante enquanto eu tentava absorver memórias amargas. Seus olhos dourados me observavam por baixo dos cílios, hipnoticos e mortais.
"Você teria vindo", ele garantiu.
Eu tentei falar calmamente. "Sem dúvida".
Ele olhou pra baixo para as minhas mãos, me libertando da força do seu olhar. "E então, enquanto eu tentava refazer o meu horário numa tentativa inútil de te evitar, você estava lá - naquela sala pequena, quente, o seu cheiro era enlouquecedor. E então eu quase te ataquei lá. Só havia uma outra frágil humana lá-fácil de lidar
Eu me arrepiei no sol quente, vendo minhas memórias através dos olhos dele, só agora me dando conta do perigo. Pobre Senhora Cope; eu tremí de novo por saber que por pouco eu não fui a causa da sua morte.
"Mas eu resisti. Eu não sei como. Eu me forcei a não te esperar, a não seguir você depois da escola. Foi mais fácil do lado de fora, quando eu não conseguia mais sentir o seu cheiro, eu consegui pensar claramente, tomar a decisão correta. Eu deixei os outros perto de casa - eu estava envergonhado demais pra contar pra eles o quanto eu era fraco, eles só sabiam que algo estava muito errado - eu fui direto até Carlisle, no hospital, pra dizer pra ele que estava indo embora".
Eu o encarei surpresa.
"Eu troquei de carro com ele - o dele estava com o tanque cheio e eu não queria parar. Eu não queria ir pra casa, para enfrentar Esme. Ela não me deixaria ir sem fazer uma cena. Ela teria tentado me convencer de que não era necessário...
"Na manhã seguinte eu já estava no Alaska". Ele parecia envergonhado, como se estivesse admitindo uma grande covardia. "Eu fiquei lá dois dias, com alguns conhecidos...mas fiquei com saudades de casa. Eu detestava saber que estava machucando Esme, e o resto deles, minha família adotiva. No ar puro das montanhas era difícil de acreditar que você fosse tão irresistível. Eu me convencí de que era um fraco por ter fugido. Eu lidei com a tentação antes, não nessas proporções, nem perto disso, mas eu era forte. Quem era você, uma garotinha insignificante" - ele sorriu de repente- "pra me afastar do lugar onde eu queria estar? Então eu voltei..." Ele parou .
Eu não conseguia falar.
"Eu tomei precauçôes, caçando, comendo mais do que o normal antes que ver você de novo. Eu tinha certeza de que era forte o suficiente pra ter tratar como qualquer outra humana. Eu estava sendo arrogante.
"Era inquestionavelmente uma complicação não poder simplesmente ler a sua mente pra saber o que você pensava de mim. Eu não estava acostumado a ser tão indireto, escutando as suas palavras pelos pensamentos de Jéssica... a mente dela não é muito origonal, e era irritante ter que me manter preso áquilo. E depois eu não sabia se você realmente estava pensando as coisas que estava dizendo. Tudo era extremamente irritante." Ele fez uma careta pela memória.
"Eu queria que você esquecesse o meu comportamento no primeiro dia, se possível, então eu tentei falar com você como eu falaria com qualquer pessoa. Eu estava ansioso na verdade, esperando decifrar os seus pensamentos. Mas você era interessante demais, eu me ví vidrado nas suas expressões... e de vez em quando você esporeava o ar com o cabelo ou com as mãos, e o cheiro me pegava de novo...
"É claro, depois você quase foi espremida até a morte diante dos meus olhos. Depois eu pensei na desculpa perfeita pra ter feito o que eu fiz naquele momento - porque se eu não tivesse te salvado, seu sangue teria se esparramado bem na minha frente, eu não acho que teria conseguido evitar e teria exposto a nós todos. Mas eu só pensei nessa desculpa depois. Naquela hora, tudo o que eu conseguia pensar era 'ela não'".
Ele fechou os olhos, perdido em sua confissão agonizante. Eu escutei, mais ansiosa do que era racional. Meu senso comum devia me dizer pra ficar assustada. Mas ao invés disso, eu estava aliviada por finalmente entender. Eu estava cheia de compaixão pelo seu sofrimento, mesmo agora, enquanto ele confessava que queria tirar minha vida.
Eu finalmente consegui falar, apesar da minha voz estar fraca. "No hospital?"
Seus olhos vieram parar nos meus. "Eu estava intimidado. Eu não conseguia acreditar que tinha exposto a nós todos daquela forma, me colocado na sua mão- você entre todas as pessoas. Como se eu precisasse de outro motivo pra te matar". Nós dois enrijessemos quando a palavra escapuliu. "Mas teve o efeito oposto", ele continuou rapidamente.
"Eu briguei com Rosalie, Emmett, e com Jasper quando eles sugeriram que essa era a hora... foi a pior briga que já tivemos. Carlisle ficou do meu lado, e Alice". Ele fez uma cara estranha quando disse o nome dela. Eu não podia imaginar o porquê. "Esme me disse pra fazer o que eu tivesse que fazer pra ficar". Ele balançou a cabeça indulgentemente.
"No dia seguinte eu espionei as mentes de todas as pessoas que falavam com você, chocado por você ter mantido sua palavra. Eu não entendia nem um pouco. Mas eu sabia que não podia me envolver nem mais um pouco com você. Eu fiz o que pude pra ficar tão longe de você quanto era possível. E todos os dias o perfume da sua pele, sua respiração, seu cabelo... tudo era tão apelativo quanto no primeiro dia".
Ele encontrou meus olhos de novo, e ele estava surpreendentemente carinhoso.
"E por tudo isso", ele continuou. "Eu teria feito muito melhor se eu tivesse expostos a todos nós naquele primeiro momento, do que aqui- sem testemunhas e ninguém pra me parar- eu ia te machucar."
Eu era humana o suficiente pra ter que perguntar. "Porque?"
"Isabella", ele pronunciou meu nome inteiro cuidadosamente, e então começou a brincar com o meu cabelo com a mão que estava livre. Como sempre, um choque correu no meu corpo quando ele me tocou. "Bella, eu não conseguiria viver comigo mesmo se eu te machucasse. Você não sabe como isso me torturou". Ele olhou pra baixo, envergonhado de novo. "O pensamento de você, rígida, branca, fria... nunca mais ver você ficar corada de novo, nunca mais ver esse flash de intuição que passa nos seus olhos quando você desvenda uma das minhas pretensões... isso seria insuportável". Ele levantou seus olhos gloriosos, agonizantes para os meus. "Você é a coisa mais importante pra mim agora. A coisa mais importante que eu já tive".
Minha cabeça estava rodando pela rapidez que a nossa conversa mudou de rumo. Do alegre tópico do meu falecimento impedido, nós de repente estavamos nos declarando.
Ele esperou, e mesmo estando com a cabeça baixa, olhando para as nossas mãos, que estavam entre nós, eu sabia que seus olhos dourados estavam em mim. "Você já sabe como eu me sinto, é claro", eu disse finalmente. "Eu estou aqui... que, traduzindo, significa que eu preferiria morrer do que ficar longe de você". Eu fiz uma careta. "Eu sou uma idiota".
"Você é uma idiota", ele concordou sorrindo. Nossos olhos se encontraram e eu sorri também. Nós sorrimos juntos pela idiotice e impossível felicidade do momento.
"E então o leão se apaixona pelo cordeiro..." ele murmurou. Eu escondí meus olhos pra não mostrar o quanto eles haviam ficado felizes com a palavra.
"Que cordeiro idiota", eu suspirei.
"Que leão doente e masoquista", Ele olhou para a floresta cheia de sombras e eu fiquei imaginando onde seus pensamentos haviam o levado.
"Porque...?", eu comecei, e então parei por não saber como continuar.
Ele olhou pra mim sorrindo; o sol cintilava no seu rosto, nos seus dentes.
"Sim?"
"Me diga porque você corria de mim antes".
Seu sorriso desapareceu. "Você sabe porque".
"Não, eu digo, o que exatamente eu fiz de errado? Eu terei que ficar de guarda, sabe, pra aprender melhor o que eu devo fazer. Isso, por exemplo" - eu alisei as costas da mão dele - "parece ser normal".
Ele sorriu de novo. "Você não fez nada de errado, Bella. Foi minha culpa."
"Mas eu quero ajudar, se puder, pra não fazer isso ser ainda pior pra você".
"Bem", ele pensou por um momento. "É só que você estava muito perto. A maioria dos humanos é instintivamente timida perto de nós, são repelidos pela nossa alienação... Eu não estava esperando que você chegasse tão perto. E o cheiro da sua garganta." Ele parou de repente, olhando pra ver se tinha me aborrecido.
"Tudo bem, então", eu disse alegremente, tentando aliviar a atmosfera tensa que surgiu. Eu abaixei o queixo. "Nada de expor a garganta".
Funcionou; ele riu. "Não, de verdade, foi mais a surpresa do que qualquer outra coisa".
Ele ergueu a mão livre e a encostou no meu pescoço. Eu sentei muito rígida, os arrepios pelo seu toque eram um aviso natural- um aviso natural me dizendo pra sentir medo. Mas não havia nenhum pouco de medo em mim. Haviam, no entanto, outros sentimentos...
"Veja", ele disse. "Perfeitamente normal".
Meu sangue estava correndo, eu desejei poder pará-lo, sentindo que isso iria tornar as coisas tão mais difíceis - o pulsar das minhas veias. Com certeza ele podia ouvir.
"As suas bochechas coradas são adoráveis", ele murmurou. Ele gentilmente livrou a sua outra mão. Minhas mãos cairam moles no meu colo. Ele alisou suavemente as minhas bochechas, e então segurou o meu rosto entre suas mãos de mármore.
"Fique bem parada", ele murmurou, como se eu já não estivesse congelada.
Lentamente, sem tirar os olhos dos meus, ele se inclinou na minha direção. Então abruptamente, mas muito gentilmente, ele descansou a sua bochecha gelada na base da minha garganta. Eu estava quieta, impossibilitada de me mexer, mesmo quando eu queria. Eu escutei o som da sua respiração uniforme, olhando o sol e o vento bricarem com o seu cabelo cor de bronze, mais humano do que qualquer outra parte dele.
Com deliberada lentidão, suas mãos escorregaram pelos lados do meu pescoço. Eu tremi, e ouvir ele prender a respiração. Mas suas mãos não pararam e continuaram descendo até os meus ombros, e então pararam.
Seu rosto virou para o lado, seu nariz explorando a minha clavícula. Ele descansou o seu rosto carinhosamente no meu peito.
Escutando o meu coração.
"Ah". Ele suspirou.
Eu não sei quanto tempo nós ficamos sem nos mexer. Podem ter sido horas. Eventualmente, o pulsar das minhas veias se aquietou, mas ele não se mexeu ou falou de novo enquanto me abraçava. Eu sabia que á qualquer momento aquilo podia ser demais, e minha vida acabaria - tão rapidamente que eu nem ia reparar. E eu não conseguia me fazer ficar com medo. Eu não conseguia pensar em nada, exceto que ele estava me tocando.
E então, cedo demais, ele me soltou.
Seus olhos estavam em paz.
"Não vai mais ser tão difícil", ele disse com satisfação.
"Foi muito difícil pra você?”.
"Nem de perto foi tão difícil quanto eu imaginava que seria. E você?”.
"Não, não foi ruim pra mim".
Ele sorriu com a minha flexão. "Você sabe o que eu quero dizer".
Eu sorrí.
"Aqui", ele pegou minha mão e colocou no peito dele. "Você sente como está quente?”.
E a sua pele geralmente gelada, estava quase quente. Mas eu mal reparei, porque estava alisando o seu rosto, algo que eu sonhava em fazer constantemente desde o primeiro dia que eu o ví.
"Não se mova", eu sussurei.
Ninguém conseguia ficar tão rígido quanto Edward. Ele fechou os olhos e ficou imóvel como uma pedra, uma rocha embaixo da minha mão.
Eu me moví anda mais lentamente que ele, tomando cuidado pra não fazer movimento brusco. Eu acariciei sua bochecha, delicadamente alisei suas pálpebras, os círculos roxos embaixo dos olhos dele. Eu tracei o formato perfeito do seu nariz, e então, muito cuidadosamente, os seus lábios perfeitos. Seus lábios se abriram embaixo do meu toque, e eu podia seu hálito frio na minha mão. Eu queria me inclinar, para sentir o cheiro. Então, eu me inclinei pra longe, sem querer forçá-lo demais.
Ele abriu seus olhos, e eles estavam famintos. Não de uma maneira que me fazia ter medo, mas sim da maneira que fez os musculos do meu estômago se contrairem e o meu pulso ficar acelerado de novo.
"Eu queria", ele sussurou. "Eu queria que você sentisse a... complexidade... a confusão... que eu sinto. Queria que você pudesse entender".
Ele ergueu uma mão para o meu cabelo, e então cuidadosamente espalhou ele ao redor do meu rosto.
"Me diga", eu suspirei.
"Eu não acho que posso. Eu já te disse, de um lado a fome -a sede - que essa criatura deplorável que eu sou sente por você. E eu acho que você consegue compreender isso, de uma certa forma. Apesar de que"- ele deu um meio sorriso - "Como você não é viciada em nenhuma substancia ilegal, você provavelemente não pode enfatizar completamente".
"Mas...", seus dedos tocaram levemente os meus lábios, me fazendo tremer de novo. "Existem outras fomes. Fomes que eu nem sequer entendo, que são estranhas pra mim".
"Eu acho que entendo isso melhor do que você imagina".
"Eu não estou acostumado a me sentir tão humano. É sempre assim?”.
"Pra mim?" Eu pausei. "Não, nunca. Nunca antes disso".
Ele segurou minhas mãos entre as suas. Elas pareciam tão fracas sob o seu aperto de aço.
"Eu não sei como ficar perto de você", ele admitiu. "Eu não sei se consigo".
Eu me inclinei bem lentamente, avisando ele com o meu olhar. Eu coloquei minha bochecha no seu peito de pedra. Eu podia ouvir sua respiração, e nada mais.
"Isso é suficiente", eu suspirei, fechando os olhos.
Num gesto muito humano, ele passou um braço por mim e descançou seu rosto no meu cabelo.
"Você é melhor nisso do que pensava", eu notei.
"Eu tenho instintos humanos - eles podem estar enterrados bem no fundo, mas estão lá".
Nós sentamos nessa posição por outro momento sem fim; eu imaginei se ele estava tão sem vontade de se mexer quanto eu. Mas eu podia ver que a luz estava desaparecendo, as sombras da floresta estavam começando a se aproximar de nós, e eu suspirei.
"Você tem que ir".
"Eu pensei que você não podia ler minha mente"
"Ela já está começando a ficar mais clara", eu podia ouvir o sorriso na voz dele.
Ele segurou meus ombros e eu olhei pra o rosto dele.
"Eu posso te mostrar uma coisa?", ele pediu, uma excitação repentina brilhando nos olhos dele.
"Me mostrar o que?”.
"Como eu ando pela floresta". Ele viu minha expressão. "Não se preocupe, você estará segura, e chegaremos na sua caminhonete muito mais rápido". Sua boca se contorceu naquele sorriso torto tão lindo e meu coração quase parou.
"Você vai se transformar num morcego?", eu perguntei brincando.
Ele riu mais alto do que eu jamais tinha ouvido ele sorrir. "Como se eu nunca tivesse ouvido essa antes".
"Claro, eu tenho certeza que você ouve isso o tempo todo”.
"Vamos lá, pequena covarde, suba nas minhas costas".
Eu esperei pra ver se ele estava brincando, mas, aparentemente, ele estava falando sério. Ele sorriu quando viu minha hesitação, e veio meu pegar. Meu coração reagiu; apesar dele não poder ouvir meus pensamentos, minhas pulsações sempre me denunciavam. Ele então me colocou nas costas dele, com muito pouca resistência da minha parte, além do mais, quando eu estava no meu lugar, eu agarrei ele com tanta força com meus braços e pernas que eu teria sufocado uma pessoa normal. Eu senti que estava agarrando uma pedra.
"Eu sou uma pouco mais pesada do que a sua bagagem normal", eu avisei.
"Hah", ele zombou. Eu quase podia ver seus olhos revirando. Eu nunca ví ele com tão bons espíritos quanto hoje.
Ele me surpreendeu, segurando a minha palma contra o rosto dele e cheirando profundamente.
"Cada vez fica mais fácil", ele murmurei.
E então ele começou a correr.
Se alguma vez eu já tive medo da morte antes na presença dele, isso não era nada comparado ao que eu sentia agora.
Ele corria na escuridão, entre os arbustos da foresta como uma bala, um fantasma. Não havia nenhum som, nenhuma evidência de que seus pés estavam realmente tocando o chão. A respiração dele não mudou, ela não denunciava nenhum esforço. Mas as árvores passavam mortalmente rápidas por nós, sempre nos perdendo por pouco.
Eu estava assutada demais pra fechar os olhos, apesar do vento da floresta estar passando rapidamente pelo meu rosto e queimando eles. Eu sentí que estava estupidamente colocando a minha cabeça pra fora de um avião em pleno vôo. E, pela primeira vez na minha vida, eu sentí nauseas por causa do movimento.
Então estava acabado. Nós tínhamos caminhado durante horas pela manhã para chegar até a clareira de Edward, e agora, em questão de minutos, estávamos de volta á caminhonete.
"Divertido, não é?" A voz dele estava alta, excitada.
Ele permaneceu em pé sem se mexer, esperando que eu descesse. Eu tentei, mas meus musculos não respondiam.
Meus braços e pernas continuaram trancados ao redor dele enquanto minha cabeça girava desconfortavelmente.
"Bella?", ele perguntou, ansioso agora.
"Eu acho que preciso me deitar agora", eu gaguejei.
"Oh, desculpe". Ele esperou por mim, mas eu ainda não conseguia me mexer.
"Eu acho que preciso de uma ajudinha", eu admití.
Ele sorriu baixinho e gentilmente soltou o meus braços de seu pescoço. Não havia como resitir ao poder da sua força de aço.
Então ele me puxou pra encará-lo, me segurando nos braços como uma criança pequena. Ele me segurou por um momento e então me colocou na grama primaveríl.
"Como você se sente?", ele perguntou.
Eu não tinha muita certeza das coisas quando minha cabeça estava girando. "Tonta, eu acho".
"Ponha a cabeça entre os seus joelhos".
Eu tentei isso, e ajudou um pouco. Eu respirei devagar, ainda mantendo minha cabeça bem parada. Eu sentí ele se sentando do meu lado. Os segundos passaram, e finalmente, eu descobri que podia levantar a cabeça. Havia um sino tocando nos meus ouvidos.
"Eu acho que essa não foi a melhor idéia", ele zombou.
Eu tentei ser positiva, mas minha voz estava fraca. "Não, foi interessante".
"Hah! Você está branca feito um fantasma - você está branca que nem eu".
"Eu devia ter fechado os olhos"
"Lembre-se disso na próxima vez"
"Próxima vez!", eu gemí.
Ele riu, seu humor ainda estava radiante.
"Exibido", eu sussurei.
"Abra seus olhos, Bella", ele disse baixinho.
E ele estavá lá, seu rosto bem perto do meu. Sua beleza fascinou minha mente - era demais, um excesso ao qual eu não conseguia me acostumar.
"Eu estava pensando, enquanto eu estava correndo..." Ele parou.
"Em não bater nas árvores, eu espero".
"Bella boba", ele gargalhou. "Correr é minha segunda natureza, não há nada o que pensar".
"Exibido", eu sussurei de novo.
Ele sorriu.
"Não", ele continuou. "Eu estava pensando que há algo que eu quero tentar". E então ele pegou meu rosto nas mãos de novo.
Eu não conseguia respirar.
Ele hesitou - não do jeito normal, do jeito humano.
Não do jeito que o homem hesita quando vai beijar uma mulher, pra ver a reação dela, pra ver se ele seria recebido. Talvez ele hesitasse pra prolongar o momento, o momento ideal da antecipação, que as vezes era melhor do que o beijo em si.
Edward hesitou pra se testar, pra ver se isso era seguro, pra ter certeza que ele ainda poderia se controlar se precisasse.
E então seus lábios gelados, de mármore se pressionaram nos meus.
Nenhum de nós estava preparado para a minha resposta.
O sangue queimou embaixo da minha pele, queimou nos meus lábios.
Minha respiração saiu num suspiro selvagem.
Meus dedos se fecharam nos cabelos dele, apertando ele contra mim. Meus lábios se abriram enquanto eu respirava o seu cheiro forte.
Imediatamente eu senti ele se tornar uma pedra sem resposta sob meus lábios. Suas mãos gentís, mas com uma força iresistível, afastaram meu rosto. Eu abri meus olhos e vi a sua expressão cuidadosa.
"Ooops", eu respirei.
"Isso é uma declaração"
Seus olhos estavam selvagens, sua mandíbula estava fechada com uma força aguda, mas nem isso modificou suas feições perfeitas. Ele segurou meu rosto a apenas alguns centímetros do seu. Ele me fascinou com seus olhos.
"Será que eu posso...?", eu tentei me soltar, pra dar um pouco de espaço pra ele.
As mãos dele não permitiram que eu me movesse nem um centímetro.
"Não. Isso é intolerável. Espere um momento, por favor". Sua voz estava educada, controlada.
Eu mantive meus olhos nos seus, observei enquanto a excitação neles se esvaia e eles ficavam gentís.
Então ele deu um sorriso surpreendentemente travesso.
"Pronto", ele disse, obviamente satisfeito consigo mesmo.
"Tolerável?", eu perguntei.
Ele riu alto. "Eu sou mais forte do que pensava. É bom saber".
"Eu queria poder dizer o mesmo. Me desculpe".
"Você é apenas humana, no final das contas".
"Muito obrigada", eu disse.
Com um dos seus movimentos leves, quase invisíveis, ele ficou de pé. Ele segurou sua mão pra mim, um gesto inesperado.
Eu estava muito acostumada ao tratamento cuidadoso do não-toque. Eu segurei sua mão gelada, precisando mais de apoio do que eu esperava.
Meu equilíbrio ainda não havia voltado.
"Você ainda está tonta pela corrida? Ou foi minha habilidade com beijos?" Como ele pareceu frívolo, humano quando riu agora. Seua rosto angelical estava sem preocupações. Era um Edward diferente do que eu conhecia. E eu me sentia muito mais atraída a ele. Me separar dele agora teria me causado dor física.
"Eu não tenho certeza, eu ainda estou lerda", eu conseguí responder.
"Porém, eu acho que é um pouco dos dois".
"Talvez você devesse me deixar dirigir".
"Você está louco? Eu protestei.
"Eu dirijo melhor do que você nos seus melhores dias", ele zombou. "Você tem reflexos muito mais lentos".
"Eu tenho certeza de que é verdade, mas eu não acho que os meus nervos, ou a minha caminhonete, aguentariam”.
"Um pouco de confiança, Bella, por favor".
Minha mão estava no meu bolso, apertando a minha chave com toda força. Eu curvei meus lábios, meditei e falei com um sorriso apertado.
"Não. Sem chance”.
Ele ergueu as sobrancelhas sem acreditar.
Eu comecei a passar por ele, indo para o banco do motorista. Ele poderia ter me deixado passar se eu não tivesse tropeçado de leve. Mas também, ele poderia não ter deixado. Seus braços criaram uma prisão inscapável ao redor da minha cintura.
"Bella, eu já gastei um bocado de esforço até esse ponto, pra manter você viva. Eu não vou deixar você ficar atrás de um volante quando você não consegue nem caminhar direito. Além do mais, amigos não deixam amigos dirigir quando estão bebados". Ele citou com uma gargalhada.
Eu podia sentir a doçura do perfume que exalava do peito dele.
"Bêbada?", eu perguntei.
"Você está intoxicada com a minha presença". Ele estava dando aquele sorriso zombeteiro de novo.
"Eu não posso discutir com isso", eu suspirei. Não havia volta; eu não conseguia resistir a ele de forma nenhuma. Eu segurei a chave e soltei, vendo sua mão se mover como um trovão e pegá-la no ar silenciosamente. "Pegue leve - minha caminhonete é uma cidadã idosa".
"Muito sensível", ele aprovou.
"E você não está nem um pouco afetado", eu perguntei, aborrecida.
"Pela minha presença?”.
De novo as suas feições se transformaram, sua expressão ficou suave, aconchegante. Ela não respondeu de primeira; ele simplesmente aproximou seu rosto do meu e passou os lábios lentamente pela minha mandíbula, da minha orelha até o queixo, pra frente e pra trás. Eu tremí.
"Sem dúvida", ele finalmente disse. "Eu tenho reflexos melhores".

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